A página “Anápolis na Roda”, criada inicialmente com o objetivo de publicar conteúdos de entretenimento e fofocas locais no Instagram, passou a ser investigada pela Polícia Civil de Goiás por suposto uso político e disseminação de ataques orquestrados contra adversários do prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa (PL).
De acordo com informações obtidas pelo Grupo Especial de Investigações Criminais (GEIC), a página foi utilizada como canal para divulgação de conteúdos com viés político, direcionados a enfraquecer e expor publicamente opositores da atual gestão municipal. A investigação aponta que figuras da estrutura pública teriam colaborado ativamente no envio e publicação dos conteúdos, disfarçados de fofoca, mas com clara intenção de atingir reputações.
O caso ganhou repercussão após a divulgação de mensagens trocadas entre Márcio Corrêa e o então diretor de comunicação da Câmara Municipal, Denílson Boaventura. Em uma das conversas, Corrêa compartilha um arquivo sensível relacionado à médica e suplente de vereadora Marcela Pimenta, dizendo: “Bora soltar essa no Anápolis na Roda 3?”. Denílson responde: “Sim, cutucar ela”. O conteúdo posteriormente foi publicado na página, o que reforça a linha de investigação da polícia sobre a utilização do canal como meio para difamação estratégica.
Os dados foram reunidos e autenticados por meio do sistema MEDI (Materializador de Evidências Digitais e Informáticas), ferramenta utilizada para garantir a validade jurídica das provas digitais colhidas. O foco da investigação é entender se houve violação da lei com o uso de um perfil público para fins de perseguição política e se houve participação direta de agentes públicos nesse processo.
A Polícia Civil segue apurando os fatos e deverá ouvir os envolvidos nos próximos dias. A expectativa é de que os responsáveis pelo uso indevido da página sejam identificados e, caso confirmadas as irregularidades, punidos conforme a legislação vigente.
O caso “Anápolis na Roda” acende um alerta sobre o uso indevido de redes sociais em contextos eleitorais e políticos. Em tempos de pré-campanha, a utilização de perfis com fachada de entretenimento para disseminar ataques coordenados pode configurar abuso de poder e crime contra a honra — com consequências jurídicas sérias.
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